Confesso que não me empolgou muito. Achei interessante a vida do cara (!), mas não houve aquela empolgação de descobrir algo/alguém novo e diferente, sabe? Até ver esse vídeo no Youtube:
Agora, instalada a curiosidade na pseudo-nerd que vos fala, dirijo-me à biblioteca do CAC para saber que livros do Michel (quanta intimité!) estão ao alcance fácil das mãos e, claro, Essays – un beau livre, relié bleu, avec 504 pages – está disponível (em português! Por que Básico 1 ainda não lê Montaigne en français!).
Fragmentos de Ensaios, para incitar a curiosidade do leitor:
Se me fosse possível constituir-me a meu modo, não haveria nenhuma forma, por melhor que fosse, na qual eu me quisesse fixar de sorte que não fosse capaz de dela me apartar. A vida é um movimento desigual, irregular e multiforme. Não é ser amigo, e muito menos senhor, de si mesmo, deixar-se incessantemente conduzir por si e estar preso às próprias inclinações que não possa desviar-se delas nem torcê-las - é ser escravo de si próprio.”
“Na verdadeira amizade, em que sou experimentado, dou-me mais ao meu amigo que o puxo para mim. Não só prefiro fazer-lhe bem a que ele mo faça mas ainda que ele o faça a si próprio a que mo faça; faz-me ele, então, o maior bem possível quando a si o faz.”
“Se alguém se inebria com o seu saber ao olhar para baixo de si, que volte o olhar para cima, rumo aos séculos passados, e abaixará os cornos ao encontrar aí tantos milhares de espíritos que o calcam aos pés. Se ele forma alguma ligeira presunção do seu valor, que se recorde das vidas dos dois Cipiões e dos incontáveis exércitos e povos que o deixam muito para trás. Nenhuma particular qualidade dará motivo de orgulho aquele que, ao mesmo tempo, tiver em conta os muitos traços de imperfeição e debilidade que em si há e, enfim, a nulidade da condição humana.
Porque Sócrates foi o único a compreender acertadamente o preceito do seu Deus, o de conhecer-se a si mesmo, e através de tal estudo, ter chegado a desprezar-se, só ele foi julgado digno de sobrenome de «sábio». Quem assim se conhecer, que tenha a audácia de, pela sua própria boca, o dar a conhecer."
Alguns títulos dos seus ensaios: Da tristeza; De como a alma que carece de objetivo para as suas paixões as manifesta ainda que ao acaso; Da ociosidade; Dos mentirosos; Dos que improvisam e dos que se preparam para falar; Da perseverança; Da covardia; Do medo; De como filosofar é aprender a morrer; Pedantismo; Da amizade;Como uma mesma coisa nos faz rir e chorar; Da solidão; Da idade; Da embriaguez; Dos livros; Da crueldade; Nosso desejo cresce com a dificuldade; Da inconveniência de fingir de doente; Da experiência; Da arte de conversar; A propósito de uma criança monstruosa; e por aí vai...
Lista de alguns livros de/sobre Montaigne disponíveis nas bibliotecas da UFPE:
- A Educação das Crianças
- Arte de Persuadir
- Da Arte de Conversar
- Ensaios
- Sobre a Vaidade
Espero que tenham ficado com tanta vontade de conhecê-lo melhor quanto eu fiquei.
C'est tout! À demain! :)Por Heidi Trindade
Ma belle,
ResponderExcluircongratulations pour votre texte, je l'ai beaucoup aimé.Je pense que vous avez déjà vu le vidéo de Chico Buarque sur Montaigne, voilà:
http://www.youtube.com/watch?v=_JEsCzTinac&feature=related
E aquela velha frase: "Porque era ele porque era eu"
Amei o jeito que você escreve, eu posso te imaginar falando.
Bisou.