terça-feira, 21 de junho de 2011

Victor Hugo

Victor-Marie Hugo (Besançon, 26 de Fevereiro de 1802 - Paris, 22 de Março de 1885) é um grande escritor e poeta cujas obras mais famosas são Les Miserables e Notre Dame de Paris. Foi o terceiro filho de Sophie Trebuchet, uma católica fanática e Joseph Hugo, um ateu e futuro general do exército Napoleônico. Como sua mãe foi responsável pela sua educação durante certo tempo, suas primeiras obras demonstram uma devoção exacerbada ao rei e à fé, porém após a Revolução de 1848 ele se rebela contra sua educação católica e passa a advogar o republicanismo e o livre pensamento. Viveu sua infância em Paris e foi educado por vários tutores, mostrando-se um prodígio e ainda aos 15 anos foi premiado pela Academia Francesa por um de seus poemas.
Como muitos escritores de sua época, ele foi bastante influenciado por François-René de Chateaubriand. Assim como seu predecessor, Hugo daria força ao Romantismo, envolver-se-ia com política como defensor da causa republicana e seria forçado ao exílio devido à suas opções políticas.
Sua primeira obra madura surgiu em 1829, Le Dernier jour d'un condamné(O último dia de um condenado) teria profunda influência sobre autores posteriores como Albert Camus, Charles Dickens e Dostoiévski.
Seu primeiro romance a ser enormemente reconhecido foi "O Corcunda de Notre-Dame", publicado em 1831 e logo traduzido para diversos idiomas através da Europa. Um dos efeitos dessa obra foi levar a cidade de Paris a restaurar a bastante negligenciada Catedral de Notre-Dame, a qual estava atraindo milhares de turistas que haviam lido a novela. O livro também renovou o apreço por construções pré-renascentistas, as quais passaram a ser mais cuidadosamente preservadas.
Claude Gueux (1834), uma estória documental sobre a execução de um assassino francês, foi considerada mais tarde pelo próprio autor como precursora de sua maior obra sobre a injustiça social, Os Miseráveis. Em 1862 Os Miseráveis foi publicado e, entre críticas hostis, vendeu estoques inteiros sendo sua obra mais popular que foi adaptada para o cinema, a televisão, o teatro e para musicais.
A morte da sua filha, Leopoldina, afogada por acidente no Sena, junto com o marido, fez com que o escritor se deixasse levar por experiências espíritas relatadas na obra, "As Mesas Moventes de Jersey".
A partir de 1849, Victor Hugo dedicou a sua obra à política, à religião e à filosofia humana e social. Reformista, desejava mudar a sociedade mas não mudar de sociedade. Em 1870 Hugo regressou a França e reatou a sua carreira política. Foi eleito primeiro para a Assembleia Nacional, e mais tarde para o Senado. Não aderiu à Comuna de Paris, mas defendeu a amnistia dos seus integrantes.
De acordo com seu último desejo, foi enterrado num caixão humilde no Panthéon, após ter ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo.


A FONTE

Da espalda de um rochedo, gota a gota
límpida fonte sobre o mar caía,
Mas, ao vê-la tombar em seu regaço:
" O que queres de mim?" O mar dizia.
"Eu sou da tempestade o antro escuro;
"Onde termina o céu aí começo;
"Eu que nos braços toda a terra espreito,
"De ti, tão pobre e vil, de ti careço?...
No tom saudoso do quebrar das águas
Ao mar, serena, a fonte assim murmura:
"A ti, que és grande e forte, a pobre fonte
Vem dar-te o que não tens, dar-te a doçura!"

Poema O Homem e a Mulher mostra como ambos se completam:

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
O altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.
O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.
O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.
O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.
O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos

Trecho de "O Corcunda de Notre-Dame"

-Sabe o que vem a ser a amizade? - indagou.
-Sim - respondeu a egípcia - é ser como irmão e irmã; duas almas que se tocam sem se confundir, dois dedos da mão.
-E o amor? - prosseguiu.
-Oh, o amor! - disse ela - É ser dois e não ser mais que um. Um homem e uma mulher que se fundem num anjo. É o céu.


Aqui um famoso poema que inclusive é inspiração de uma música de Frejat - Amor pra Recomeçar.

5 comentários:

  1. Sempre fico emocionada quando leio Victor Hugo, traz boas recordações de grandes amigos e amores.
    Estou aqui pensando nesse trechinho que você colocou do Corcunda de Notre Dame "E o amor? É ser dois e não ser mais que um" e lembrando do famoso trecho de uma letra de Frejat que poucos sabem que é baseado em um poema lindíssimo de Hugo.

    Trecho da adaptação de Freja(Amor pra recomeçar):

    Desejo que você tenha a quem amar
    e quando estiver bem cansado
    ainda exista amor pra recomeçar.


    Trecho do poema de Hugo(desejo):

    Desejo que você sendo homem tenha uma boa mulher e que sendo mulher,tenha um bom homem
    e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
    e quando estiverem exaustos e sorridentes,
    ainda haja amor para recomeçar.


    Bravo Camila,
    il est magnifique votre texte!

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  2. Recentemente recebi a informação de que a autoria do poema "Desejo", citado acima por Camila, é erroneamente atribuído a Victor Hugo. E que seu verdadeiro autor é o gaúcho Sérgio Jockmann. Será que vocês teriam como esclarecer essa polêmica?

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    1. Eh verdade. O Jockymann escreveu o poema na Gazeta do rio grande do sul em 1978.

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  3. Texto é de Sérgio Jockmann, com o título "Os Votos". Publicado na Folha da Tarde (Porto Alegre), em 30 de dezembro de 1978. Vejo no fac-simile do jornal, em
    http://photos1.blogger.com/blogger/7327/511/1600/jornal2.jpg

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