terça-feira, 14 de junho de 2011

"O Jovem Shakespeare"




Arthur Rimbaud-A nossa pálida razão esconde-nos o infinito.-



Revolucionar a Poesia Francesa dos 16 a 21 anos e morrer doente aos quase 37 anos, após vários anos desbravando o norte da África como empreiteiro e comerciante de armas, este é o resumo superficialíssimo da vida de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud. Nascido em 20 de outubro de 1854 na pequena cidade de Charllevile [ Noroeste da França ]


Interessantemente as influências deste jovem poeta-na época apelidado até de "o jovem Shakespeare"- não morreram junto com ele, pelo contrário, continuam crescendo a cada dia.
Até hoje muitos-não só poetas-conclamam Rimbaud como uma importante influência-Vinicius de Moraes, Cazuza, Jim Morrisson, Allen Ginsberg.
A ideologia libertária-Anarquista-da juventude revolucionaria dos anos 70 e 60 encontrou respaldo na poesia e na própria vida de Rimbaud. Enfim, o conceito de liberdade na cultura ocidental desse revolucionario poeta menino.




Em 1870, Rimbaud tinha apenas 16 anos, e em suas cartas discutia poesia, criação poética e coerência entre a vida do poeta e sua poesia. Cartas maravilhosas, onde se percebe a genialidade do garoto. É nessa fase que ele inicia sua relação homossexual e turbulenta com Paul Verlaine, também um grande poeta francês, com o qual vai morar em Paris. Também é possível ler em várias das cartas, versões de alguns poemas ainda inacabados naquela época, para os quais Arthur pedia sugestões (ele gostava de discutir suas obras com amigos poetas) proporcionando uma visão mais profunda sobre a real significação daqueles versos.




É interessante ver a mudança no assunto das cartas a partir de 1875, onde Arthur, durante uma longa caminhada pela Europa, começa a se desinteressar pela poesia e, progressivamente, a correspondência do poeta que decretou a necessidade de se “reinventar o amor” torna-se a correspondência de um homem comum destinada a sua família distante. Durante essa segunda fase de sua vida, acompanhamos o poeta em sua jornada solitária pelo norte da África e por sua alma inquieta. Não há mais poesia, são apenas reflexões sobre o que efetivamente é a vida. Porém, entre pedidos de livros de agrimensura, dicionários de árabe, reclamações sobre o calor infernal da região e demais aspectos do choque cultural, vemos muitas reflexões sobre a vida, sem poesia, mas bastante tocantes. Tão impressionantes quanto seus versos que exalavam rebeldia, agonia e erotismo.




Sensação
Nas tardes de verão,
irei pelos vergéis,Picado pelo trigo, a pisar a erva miúda:
Sonhador, sentirei um frescor sob os pés
E o vento há de banhar-me a cabeça desnuda.
Calado seguirei, não pensarei em nada:
Mas infinito amor dentro do peito abrigo,
E como um boêmio irei, bem longe pela estrada,
Feliz - qual se levasse uma mulher comigo.




Março de 1870.Arthur Rimbaud-Poesia completa Pag-41-3ª edição - tradução Ivo Barroso
Topbooks
Filme sobre a vida de Rimbaud- Eclipse de uma paixão -
Link para saber mais sobre a vida de Rimbaud-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Rimbaud
Saymmon.

2 comentários:

  1. Incroyable!
    Saymmon, estou encantada com seu texto, e não ache que é porque tenho obrigação de comentar ou falar bem, mas digo de coração. Primeiro que falar de Rimbaud é tocar diretamente na minha alma e dividí-lo com você (s) é algo único. Fiquei muito triste por ter esquecido de levar hoje o poema que havia separado, mas compensarei com dois poemas nessa quinta (Um de Rimbaud e outro de Verlaine - tema de amanhã com Joana).
    E me comprometo também em gravar o filme deles para você e Joana, pois para o restante da turma levarei outro (pra que ninguém fique com ciúme de vocês).
    je suis très fière!

    ResponderExcluir
  2. Rimbaud, sinônimo de amor intenso. Para poucos.

    ResponderExcluir