domingo, 20 de novembro de 2011

O HOMEM DE SATURNO

Salut tous les gens!


Sei que vocês me aguardavam, impacientemente! Mas calma, eis-me aqui, junto a Paul Verlaine. Ele surge, de ímpeto, como um bom ariano que é!
Verlaine já fora chamado de parnasiano, simbolista, maldito, anarquista, veado, andarilho, mas ele preferia ser chamado de príncipe. Príncipe dos Poetas! Assim a França o conheceu, e se rendeu a seu talento incomum. Inúmeras vezes os franceses o viram perambulando pelas ruas charmosas e voluptuosas de Paris. Morreu, inclusive, na sarjeta. Sem dinheiro, sem mulher e sem Rimbaud, no qual, num momento de fúria, dispara um tiro de pistola. Verlaine é preso e condenado, passando dois anos no cárcere.
No entanto, o Príncipe dos Poetas nos açoita, não com sua biografia tempestuosa (será marca dos arianos? kkkkk), mas com sua veia poética marcada pela musicalidade lírica singular, seus arrebatamentos d'alma, transpondo seus sentimentos em impressões, através de paisagens nostálgicas e refinadas. Como não se envolver com versos que cantam assim:

Il pleure dans mon coeur – Chora no meu coração
Comme il pleut sur la ville – Como chove na cidade
Quelle est cette langueur - Qual é esta languidez
Qui pénètre mon coeur? - Que penetra meu coração?
Ô bruit doux de la pluie – Ó barulho suave da chuva
Par terre et sur les toits! - Pela terra e sobre os tetos !
Pour un coeur qui s’ennuie, – Por um coração que se aborrece,
Ô le chant de la pluie! – Ó canto da chuva!Il pleure sans raison – Chora sem razão
Dans ce coeur qui s’écoeure. – Neste coração que se enoja.
Quoi! Nulle trahison ?… – O quê? Nem uma traição?
Ce deuil est sans raison. - Este pesar é sem razão.
C’est bien la pire peine - É certamente a pior tristeza
De ne savoir pourquoi – Não saber porque
Sans amour et sans haine – Sem amor e sem ódio
Mon coeur a tant de peine! – Meu coração tem tanta tristeza!

E o que dizer de versos que assim são perfeitamente harmonizados:

CHANSON D'AUTOMNE

Paul Verlaine

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

CANÇÃO DO OUTONO

Tradução: Alphonsus de Guimaraens

Os soluços graves
Dos violinos suaves
Do outono
Ferem a minh'alma
Num langor de calma
E sono.

Sufocado, em ânsia,
Ai! quando à distância
Soa a hora,
Meu peito magoado
Relembra o passado
E chora.

Daqui, dali, pelo
Vento em atropelo
Seguido,
Vou de porta em porta,
Como a folha morta
Batido...

Mais do que ficar debatendo como foi ou como deixou de ser a vida de Paul Verlaine, interessante seria ficar com seus versos em mente. Para ele, "De la musique avant toute chose" - a música antes de qualquer coisa. Para Verlaine, o verso deveria ser fluido, ritmado, solúvel no ar, assim como sua vida.

Postado por Saulo Novaes



Um comentário:

  1. HAHAHAHAHA!
    Très bien, très bien,
    vous êtes impossible!
    Muito bom seu texto Saulo, muito criativo, único!
    E bom, nós, arianos (Je suis Bélier aussi)somos assim mesmo... Fazer o quê?!
    Porém, tenho meus ímpetos mais contidos que Verlaine.
    Muito bom esse trecho: "Morreu, inclusive, na sarjeta. Sem dinheiro, sem mulher e sem Rimbaud"; essa é a pura verdade!
    Mas agora posso dizer que dormirei bem, realmente não conseguiria fechar os olhos, pois estava a aguardar, "impacientemente", por esse Post!

    Je t'embrasse fort.

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